Oi de novo pra quem procura saber mais sobre a bioquímica do
envelhecimento!
Hoje, trataremos de um tema muito interessante e que teve bastante repercussão
na mídia ultimamente, principalmente pelos resultados recém-publicados de
pesquisas respeitadas: A restrição calórica e o retardo do envelhecimento.
Muitos pesquisadores têm tentado provar uma relação entre uma dieta com restrição
calórica e o aumento da longevidade, alguns desde os amos 80, inclusive. Atualmente
saíram resultados dessas pesquisas e o que se pôde perceber é que existe uma relação
entre o processo de envelhecimento e esse tipo de dieta, porém os mecanismos bioquímicos
e intracelulares não estão claros.
As pesquisas com modelos animais se tornaram muito esclarecedoras,
contudo não consegue-se determinar até onde podemos aplicar os conhecimentos
delas provenientes aos seres humanos. Em experimentos com ratos observou-se ser
diretamente proporcional a diminuição percentual da dieta calórica e o aumento
na expectativa de vida máxima, contudo experimentos com macacos, publicados na
revista cientifica Nature, não demonstraram
aumento em suas expectativas de vida. Porém em ambas foi verificado um retardo
no processo de envelhecimento, diminuindo a incidência de doenças crônicas como:
arteriosclerose, insuficiências cardíacas, diabetes, hipertensão, doenças auto imunes,
cânceres (inclusive os mais comuns nos humanos: de mama e próstata), Alzheimer
e Parkinson – observou-se uma diminuição na neurodegeneração, na deposição de
placas amilóides e no déficit motor.
Placas amiloides na Doença de Alzheimer. |
Receptores de insulina na membrana plasmática. |
Como já disse os mecanismos bioquímicos relacionados a esse evento não estão
claros. Suposições, entretanto, são feitas. Uma delas é que a diminuição da ingestão
de calorias leva à maior sensibilidade à insulina pelas membranas dos órgãos hepático
e muscular, e isso poderia retardar o envelhecimento. Acontece que, com a diminuição
das calorias, os níveis de glicose sanguínea diminuem, levando à diminuição da produção
de insulina e do tecido adiposo. Este é produtor de inúmeros hormônios, alguns
relacionados à inflamação e outros à sensibilidade à insulina. As alterações nesse
órgão poderiam levar à diminuição daqueles e aumento destes, aumentando a expectativa
de vida.
Outra suposição é relacionada à diminuição do metabolismo respiratório
celular, levando à diminuição na produção de espécies reativas de oxigênio,
evitando a oxidação desenfreada de membranas e outras estruturas celulares, além
de intensificar o processo de reparação do DNA. Percebe-se uma diminuição nas inflamações
nesse caso também, já que danos oxidativos desencadeiam a expressão de genes pró-inflamatórios.
Ação da proteína quinase A. |
Molecularmente falando, existem teorias que relacionam a dieta
restritiva e a longevidade. Uma delas propõe a via da proteína quinase A como responsável,
esta está relacionada à diminuição dos níveis de glicose e a AMPc. Outra propõe
a via sinalizadora de proteínas chamadas sirtuínas, que têm suas concentrações aumentadas
nesse tipo de dieta. Já se relacionou a ação destas à indução da biogênese
mitocondrial e ao aumento da oxidação de ácidos graxos nos músculos; ao aumento
da mobilização de gordura e à diminuição da adipogênese no tecido adiposo; além
de influenciarem a ação das mitocôndrias, parecendo reduzir o estresse
oxidativo. Tudo isso leva à suposição de agirem em prol do aumento da
longevidade.
O interessante é que, apesar de não serem certos os efeitos sobre os
humanos, observou-se uma diminuição na mortalidade por doenças coronariana em países
europeus com a escassez de alimentos na Segunda Grande Guerra. Além disso, observou-se
em pessoas que praticam por livre e espontânea vontade a dieta de restrição calórica
uma menor porcentagem de gordura corporal, pressão sanguínea menor, assim como aumento
da sensibilidade à insulina, baixos níveis de marcadores inflamatórios e baixa
concentração de triiodotironina.
Contudo, nem tudo são flores. Observou-se em indivíduos com essa dieta
uma diminuição na densidade mineral óssea total do quadril e da coluna lombar.
Além disso, não se conseguiu determinar até qual porcentagem de diminuição no
consumo de calorias seria benéfica. Por isso seria melhor esperar por mais
resultados de pesquisas em humanos para se adotar esse novo perfil de vida.
Agora, algumas curiosidades que a pesquisa com ratos demonstrou:
- A prática de exercícios físicos não aumenta a expectativa de vida, apesar de melhorar a saúde.
- Uma dieta gordurosa não apressa o envelhecimento, o que o faz é o excesso de calorias.
- O que determina a expectativa de vida não são o grau de adiposidade e sim a quantidade de calorias ingeridas.
- A genética é menos expressiva do que o ambiente, assim uma genética de alta expectativa de vida não se expressará se o ambiente impuser baixa expectativa de vida.
Bom, espero que eu tenha esclarecido para vocês esse assunto novo e
importante e todos os outros que eu postei! E agora minha missão está cumprida!
Tchauzinho!
Referencias :
Postado por Fernanda Cruz.
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