Bom pessoal, depois de
falar de algumas doenças do sistema neurocognitivo relacionadas ao
envelhecimento, é interessante discutir sobre meios para retardar a
degeneração do sistema nervoso central. Um desses meios é a
prática de exercícios físicos ao longo da vida, experimentalmente
comprovada como um método eficaz para fortalecer a memória do
idoso.
É muito provável que a
relação entre exercícios físicos e memória esteja na
plasticidade sináptica, ou seja, o modo
como
os neurônios alteram sua capacidade de intercomunicação.
Observa-se que a expressão de fatores tróficos no hipocampo, região
no cérebro responsável pela memória, como o BDNF
(brain derived
neurotrofic factor, fator
neurotrófico derivado do cérebro), um modulador crítico na
plasticidade sináptica do cérebro adulto, aumenta se um indivíduo
realizar atividades físicas. Essas atividades causam mudanças em
muitas cópias de genes ligados à atividade neuronal, estrutura
sináptica e plasticidade neuronal, de modo a auxiliar no aprendizado
e na memória.
O
exercício físico também é um fator de estresse, devido aos
hormônios que são secretados ao longo de sua prática. Foi
verificado experimentalmente que a atividade aeróbica promove um
melhor desenvolvimento cognitivo em idosos, devido às alterações
hormonais e humorais geradas com essa prática. Os hormônios
envolvidos nisso são a adrenalina, a noradrenalina, o ACTH e a
vasopressina, além dos peptídeos opióides como a β-endorfina,
considerado um modulador fisiológico da memória.
Uma
das hipóteses que explicam essa influência hormonal diz que essas
alterações podem modificar, a longo prazo, a biossíntese de
hormônios do metabolismo, especialmente em regiões do hipocampo,
amígdala e septo medial e córtex entorrinal (regiões
criticamente relacionadas com os processos mnemônicos –
aquisição, armazenamento e evocação de informações).
Desse modo, essas substâncias podem tornar a memória mais eficiente
por meio de mecanismos reflexos.
Outra
hipótese declara que alterações bioquímicas relacionadas à
liberação de serotonina e à ativação de receptores específicos
são os fatores responsáveis pela melhora do desempenho cerebral.
Durante um exercício físico, ocorre uma alteração na distribuição
do triptofano, aminoácido componente da serotonina. Essa alteração
é provocada pela lipólise, pois o aumento da concentração de
ácidos graxos faz com que triptofano se desprenda da albumina e se
torne livre, o que o deixa disponível para a síntese da serotonina.
Ademais ocorre a oxidação e captação de aminoácidos de cadeia
ramificada pelos músculos em atividade, o que diminui a concentração
desses no sangue. Isso estimula a captação de triptofano pelo
cérebro, pois sua competição com os aminoácidos de cadeia
ramificada para atravessar a barreira hematoencefálica é reduzida.
Consequentemente é possibilitada uma maior produção e liberação
de serotonina.
Eu
espero que vocês tenham adquirido uma noção básica sobre a
importância de se praticar exercícios físicos frequentemente para
se ter um bom desempenho do sistema neurocognitivo. É interessante
lembrar que essa prática deve ser realizada desde a infância até a
idade mais avançada possível. Sigam esse conselho!
Postado por Daniela Pinheiro
Referências Bibliográficas: